De acordo com a constituição, o mais alto magistrado da nação deve medir para cima de 1,73 m, considerada a altura média dos portugueses homens. Se o mais alto magistrado da nação for por acaso uma mais alta magistrada da nação, então basta medir para cima de 1,62 m, considerada a altura média das portuguesas mulheres. Luís Marques Mendes, que é homem do sexo masculino, mede 1,61 m calçado e, toda a gente sabe, aspira à presidência da república. António Vitorino, que também é homem do sexo masculino, medirá, talvez de palmilhas, mais um centímetro do que Mendes, isto é, 1,62 m, e algum PS aspira a que ele aspire à presidência da república. Eu gostava de ver esta prometedora luta de titãs na campanha para as presidenciais de 2026, que, aliás, já começou. Dir-me-ão, se calhar, que, nas actuais circunstâncias, nem o Luís nem o António obedecem às normas. É fácil de resolver. Faça-se, a este propósito, uma revisão constitucional. Uma revisão da constituição portuguesa. Nada de profundo ou trabalhoso, nada que implique ginásio ou possa dar ideias aos neofascistas mais ou menos hemiciclistas. Apenas um acerto, um ajuste directo, uma revisão constitucional por medida, por baixo. Uma revisãozinha, vá lá. Coisa talvez de doze ou treze centímetros...
Napoleão que era Napoleão media pouco mais de metro e meio, segundo os ingleses, ou um metro e setenta, para os franceses. Sem cunhas, saltos altos, sapatos de plataforma ou outras alcavalas, Silvio Berlusconi media 1,65 m, Dmitry Medvedev mede 1,57 m, Putin mede 1,67 m, Kim Jong-il não se sabe bem, mas medirá entre 1,55 m e 1,65 m, sendo possível que na versão oficial meça dois metros e quarenta, e Nicolas Sarkozy mede 1,65 m, rodeando-se sempre de anões, para parecer alto, isto para além de fazer batota com o calçado.
Alto é o almirante. Alto e para o baile. Mas, pelo menos pela parte que me toca, faria muito gosto que não fosse esse, a altura, o argumento de Gouveia e Melo para concorrer e eventualmente ganhar as eleições a Belém, agora que já conseguiu sacudir-se da Maçonaria. Ou então que se meta com alguém do seu tamanho...
Eu creio que entre nós, portugueses, o conceito de mais alto magistrado está desnecessariamente sobrevalorizado e tende até a promover uma mal disfarçada discriminação. Os tempos são outros, povo meu! Porque não aproveitarmos as próximas presidenciais para elegermos, pelo contrário, o mais baixo magistrado da nação?
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