Um homem bem apetrechado
Ele tinha uma panóplia de argumentos, uma panela de pressão, uma visão estratégica, uma caixa de pandora e carradas de razão. Era realmente um homem muito bem apetrechado.
De acordo com a constituição, o mais alto magistrado da nação deve medir para cima de 1,73 m, considerada a altura média dos portugueses homens. Se o mais alto magistrado da nação for por acaso uma mais alta magistrada da nação, então basta medir para cima de 1,63 m, considerada a altura média das portuguesas mulheres. Luís Marques Mendes, que é homem do sexo masculino, mede 1,61 m calçado e é candidato à Presidência da República, faz ele muito bem. António Vitorino, que também é homem do sexo masculino, medirá, talvez de palmilhas, mais um centímetro do que Marques Mendes, isto é, 1,62 m, e algum PS queria que ele se candidatasse à Presidência da República, mas ele fugiu. Foi pena. A campanha eleitoral prometia uma empolgante luta de titãs entre estes dois. É certo que, nas actuais circunstâncias, nem o nosso Luisinho nem o escapista Vitorino obedecem às normas. Mas era fácil de resolver. Fazia-se, a este propósito, uma revisão constitucional. Uma revisão à constituição dos portugueses. Nada de profundo ou trabalhoso, nada que implique força bruta ou possa dar ideias aos neofascistas mais ou menos hemiciclistas. Eu sugeria apenas um acerto, um ajuste directo, uma revisão constitucional por medida, por baixo. Uma revisãozinha, vá lá. Coisa talvez de doze ou treze centímetros...
Napoleão, que era Napoleão, media pouco mais de metro e meio, segundo os ingleses, ou um metro e setenta, para os franceses. Sem cunhas, saltos altos, sapatos de plataforma ou outras alcavalas, Silvio Berlusconi media 1,65 m, que é também a altura de Nicolas Sarkozy, Dmitry Medvedev mede 1,57 m, Vladimir Putin mede 1,67 m, Rishi Sunak, Emmanuel Macron, Olaf Scholz e Volodymyr Zelensky medirão todos 1,70 m, número redondo, e Kim Jong-il não se sabe bem, mas medirá entre 1,55 m e 1,65 m, sendo possível que na gloriosa versão oficial meça dois metros e quarenta, pelo menos.
Alto é o almirante. Alto e para o baile. Gouveia e Melo fez saber que mede 1,93 m bem esticadinho, mas que isso não lhe sirva de argumento, ou então que se meta com alguém do seu tamanho. Aliás, eu creio que entre nós, portugueses, o conceito de mais alto magistrado está desnecessariamente sobrevalorizado e tende até a promover uma mal disfarçada discriminação. Os tempos são outros, povo meu! Porque não aproveitarmos as próximas presidenciais para elegermos, pelo contrário, o mais baixo magistrado da nação?
(Versão revista, actualizada e aumentada, publicada originalmente no meu blogue Mistérios de Fafe. Este foi o texto mais procurado no Tarrenego! durante o ano de 2025, com uma vantagem colossal em relação aos seguintes.)
Dizem que os homens não se medem aos palmos mas na realidade a altura tbm conta! Que o digam os jovens na idade da puberdade! Eu tbm, pois considero-me baixo o que não na me livrou da tropa! A minha altura máxima, descalço, foi 1,67 m e desde os meus setenta anos tem vindo a diminuir! Gostava de ser mais alto? Sim, gostava! Mas esse parâmetro nunca me afectou muito e no colégio até fiz parte da equipa campeã de basquetebol pois infiltrava-me bem! Isso foi nos anos sessenta e sempre alcancei os desígnios traçados! No Canadá, onde os homens em geral são bem altos, também não!
ResponderEliminarNão é tanto a altura que importa, mas a proporção cabeça-tronco/pernas. Dizem que o rácio ideal é 0,92. Ou seja 92 de cabeça-tronco para 100 de pernas (do púbis ao chão). Para 1,67 m, a proporção ideal seria 80 cm de cabeça-tronco para 87 cm de pernas. Conheço um caso desses (até tem 1,664 m, com 87 cm de pernas) e o tipo tem muito sucesso com as moças, apesar de baixo, parece alto. Conheço outro que tem 1,68 m, mas com 87/81 e ninguém lhe pega: parece o Toulouse-Lautrec, pernas (e braços) curtíssimos.
EliminarSendo o mais alto de todos os candidatos, obviamente que o almirante Gouveia e Melo vai ser o vencedor. Consultem as estatísticas. O mais alto é o que ganha sempre.
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