Relativamente a essa matéria
- Relativamente a essa matéria, senhor deputado, devo esclarecer que não tenho nada a acrescentar relativamente a essa matéria.- E relativamente à outra matéria, senhor primeiro-ministro?
- Relativamente à outra matéria, senhor deputado, devo esclarecer que não tenho nada a acrescentar relativamente à outra matéria.
- Bem me parecia, senhor primeiro-ministro!
- Ainda bem que nos entendemos, senhor deputado!
Os senhores deputados (entre isso e aquilo)
- Eu não admito que o senhor deputado diga que eu disse isso, senhor deputado!
- Então o que é que o senhor deputado disse, senhor deputado?
- Eu disse aquilo, senhor deputado.
- Aquilo, senhor deputado? E só agora é que diz isso, senhor deputado?
- Eu não admito que o senhor deputado diga que eu disse isso, senhor deputado!
- Eu não admito que o senhor deputado diga que eu disse isso, senhor deputado!
- Então o que é que o senhor deputado disse, senhor deputado?
- Eu disse aquilo, senhor deputado.
- Aquilo, senhor deputado? E só agora é que diz isso, senhor deputado?
- Eu não admito que o senhor deputado diga que eu disse isso, senhor deputado!
O Legislador
Acabam
o curso de Direito e vão logo à televisão dizer que são juristas.
Saltam para o Parlamento e intitulam-se legisladores. Todos juntos,
metidos na mesma panela, são O Legislador - como tanto gostam de
etiquetar-se. E nós estamos bem servidos...
Um homem de saias
Um homem de saias no Parlamento. E depois? E as mulheres de calças?...
Um homem de saias no Parlamento. E depois? E as mulheres de calças?...
Votam uns pelos outros, olha a novidade!...
Falso escândalo na Assembleia da República: os deputados votam uns pelos outros. Mas, valha-me Deus!, é prática corrente e já se sabia. Por nós é que eles não votam...
Falso escândalo na Assembleia da República: os deputados votam uns pelos outros. Mas, valha-me Deus!, é prática corrente e já se sabia. Por nós é que eles não votam...
Sejamos pacientes, pois
Como um alho era o famoso indivíduo, não sei quem nem de que sexo, mas político certamente, parlamentar tarimbado, que inventou a palavra paciente para substituir a palavra doente. O finório, ou a finória, sabia tudo sobre listas e tempos de espera, greves epidémicas ou cirúrgicas, operações adiadas, consultas anuladas, funerais e missas de sétimo dia, demissões de directores hospitalares e covid-19. Porque a verdade é esta: o doente, regra geral, queixa-se, esperneia, mas o paciente, por definição, aguenta.
Como um alho era o famoso indivíduo, não sei quem nem de que sexo, mas político certamente, parlamentar tarimbado, que inventou a palavra paciente para substituir a palavra doente. O finório, ou a finória, sabia tudo sobre listas e tempos de espera, greves epidémicas ou cirúrgicas, operações adiadas, consultas anuladas, funerais e missas de sétimo dia, demissões de directores hospitalares e covid-19. Porque a verdade é esta: o doente, regra geral, queixa-se, esperneia, mas o paciente, por definição, aguenta.
A última palavra
- Senhor deputado, tem vosselência direito à última palavra.
- Muito obrigado, senhor presidente. Senhor presidente, senhoras e senhores deputados: zus!
- Senhor deputado, tem vosselência direito à última palavra.
- Muito obrigado, senhor presidente. Senhor presidente, senhoras e senhores deputados: zus!
P.S. - A sessão de abertura da primeira Assembleia Nacional da ditadura do Estado Novo decorreu no dia 11 de Janeiro de 1935.
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