sábado, 16 de janeiro de 2021

Malandrices...

A catrel cor-de-rosa
Factos reais como punhos. Manhã de sábado, A28, direcção Matosinhos-Viana do Castelo, um pouco antes da saída para Vila do Conde. À minha frente segue uma velha carrinha Renault 4L, de um cor-de-rosa altamente suspeito e vagaroso. Aproximo-me, com o fastio próprio dos condutores domingueiros que já não têm paciência para os condutores domingueiros, mas arrebita-se-me a atenção quando, mesmo em cima dela, leio os dizeres da viatura. São uns dizeres sugestivos e muitos, reclames açucarados a um loja de prazeres - sex-shop em português.
E vejo finalmente os ocupantes, ainda por trás: é o do volante e, ao lado, uma louraça da fazer parar o trânsito. Mas eu avanço. Avanço cuidadosamente para a ultrapassagem, olho para o gajo e o gajo sorri malandro. E eu continuo a olhar (eu posso olhar e continuar a olhar, porque eu não conduzo, não sei conduzir, nem sequer tenho carta) e o gajo continua a sorrir. Malandro. A gaja não sorri, não me liga nenhuma, olha sempre em frente, tomando sentido à estrada, ainda mais loura do que há bocado e, reparo agora, tem uns lábios vermelhos e escarrapachados.
A minha mulher desliga o pisca e então é que se me faz luz. A gaja da catrel é uma boneca. Uma boneca mesmo, de plástico, uma boneca insuflável, de carregar pela boca. O gajo olha para mim e sorri cada vez mais, está a gostar da coisa. Malandro. Não sei onde é que a gaja tem a mão.

O dia dela, enfim
A velha prostituta, muito limpa e organizada, consultou a agenda praticamente vazia e leu baixinho, soletrando, acariciando as sílabas uma a uma: - O bombeiro às onze, o taxista ao meio-dia, o do talho às três da tarde e o que exige que lhe chame engenheiro e aprecia umas boas chibatadas logo após a merenda. Desarriscou-os um a um, meticulosamente, com gosto, a começar pelo engenheiro da mula ruça, e disse sorrindo, como se alguém a ouvisse e visse: - Vou tirar o dia para mim, só para mim!
E foi lavar-se.

O roto ao nu
Diz o roto ao nu: - Excitas-me, pá!... 

P.S. - Ontem, terceiro sábado do mês de Janeiro, foi Dia Internacional do Fetiche.

Sem comentários:

Enviar um comentário