Naufrágio
A rua cheia de luar
Lembrava uma noiva morta
Deitada no chão, à porta
De quem a não soube amar.
Já não passava ninguém...
Era um mundo abandonado...
E à janela, eu, tão Além,
Subia ressuscitado...
Vi-me o corpo morto, em cruz,
Debruçado lá no Fundo...
E a alma como uma luz
Dispersa em volta do mundo...
Mas, à tona do mar morto,
Um resto de caravela
Subia... E chegava ao porto
Com a aragem da janela.
"Mar Coalhado", Branquinho da Fonseca
(Branquinho da Fonseca nasceu no dia 4 de Maio de 1905. Morreu em 1974.)
Sem comentários:
Enviar um comentário