Joaquim, que contava o duplo da idade de seu filho, era baixo, corpulento e menos feio que Teodósio, o qual, posto que mais entrado em anos, sabia dar, quando queria, à cara romba e de cor fula uma aparência de bestial simplicidade em que só uma vista perspicaz e acostumada a ler no rosto as ideias e os sentimentos íntimos, poderia descobrir a mais refinada hipocrisia.
- Entendo que é bem lembrado o que dizes, Cabeleira - acrescentou o cabra, levantando-se; corro sem demora a armar o laço para apanhar o passarinho; ainda que, a bem dizer, já cá tenho o meu plano que há de cair tão certinho como S. João a vinte e quatro.
- E onde depois nos encontraremos? - perguntou Joaquim, vendo que Teodósio se achava já de marcha para a vila.
- Não será o mais custoso. Esperarei por vocês debaixo da ingazeira da ponte.
- E onde depois nos encontraremos? - perguntou Joaquim, vendo que Teodósio se achava já de marcha para a vila.
- Não será o mais custoso. Esperarei por vocês debaixo da ingazeira da ponte.
Teodósio, não estando mais para conversa, conchegou o chapéu de palha à cabeça, para que o vento não lho arrebatasse, e desapareceu em rápido marche-marche, por detrás dos matos que naquele tempo enchiam ainda em sua maior parte a zona onde hoje se ostenta com suas graciosas habitações, entre risonhos verdores, a Passagem da Madalena.
"O Cabeleira", Franklin Távora
(Franklin Távora nasceu no dia 13 de Janeiro de 1842. Morreu em 1888.)
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