sexta-feira, 13 de abril de 2018

Tristão da Cunha 2

Iterum...
 
Há muito tempo já que eu vou perdendo
Os sonhos, um a um, pelo caminho:
- Sangue dum anho ingénuo, cor d'arminho,
De calvário em calvário perecendo...


No alto dum monte, a luz que eu ia vendo,
Diante de mim cantando como um ninho,
Fria beijou-me o rubro desalinho,
E atrás de mim no escuro foi descendo.


Hoje os olhos se voltam como preces
Para as memórias, em que há luas mortas,
E tu, morta, que morta não pareces!


Sobre esta alma de dívida e agonias
Caia a luz desses olhos, dessas portas
Onde esperam o sol as almas frias...


Tristão da Cunha

(Tristão da Cunha nasceu no dia 13 de Abril de 1878. Morreu em 1942.)

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