sexta-feira, 30 de junho de 2017

Salgueiro Maia

O banho

No decurso da sua atribulada vida, o capitão Gaspar também foi a Lourenço Marques, ficando instalado na messe de oficiais, onde se realizou uma linda festa, para a qual era obrigatório o uniforme branco.
O nosso herói, pouco habituado a fardas apertadas e pouco arejadas, começou a ficar com calor a mais, ar a menos e alergia à festa.
Para complicar mais a situação, e talvez por ser dos poucos oficiais combatentes que estavam presentes, um oficial-general entabula conversa com o capitão Gaspar quando ele se preparava para ir embora. A conversa alonga-se para o sector disciplinar, mas o que o capitão Gaspar precisava era de ir refrescar-se, pelo que, muito cordialmente, pergunta ao seu interlocutor: "Meu general, há algum regulamento que proíba um oficial de tomar banho?"
O oficial-general acha a pergunta muito repentina, mas responde que não! Acto contínuo, o capitão Gaspar deita-se, tal como está, para dentro da piscina do Clube Militar, gritando: "Aí vai!"

"Capitães de Abril", Salgueiro Maia

(Salgueiro Maia nasceu no dia 1 de Julho de 1944. Morreu em 1992.)

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