Soneto do vinho do Porto
Fruto em verde ou de ígneo e azul, tocado
da música da alva. Ó tessitura
de esférico sabor, lúdico aroma
de pomo etéreo. Os beijos que não são.
Fruto em verde ou de ígneo e azul, tocado
da música da alva. Ó tessitura
de esférico sabor, lúdico aroma
de pomo etéreo. Os beijos que não são.
Desliza em rota insone. E eu te procuro,
ó domador do tédio. E, travo e mel,
de seu conúbio vegetal ressumbram
no liquefeito olhar das feras bravas.
Que do xisto azumbrado a fulva luz
tornada em sumo e veludoso gosto
por sobre a calcedônia do desejo.
Vinho que sabe a amor sem fim, ocíduo
clarão que incide às tardes sobre o Douro,
ou de Andrômeda o riso e o de Canopo.
"Sete Sonetos do Vinho", Godofredo Filho
(Godofredo Filho nasceu no dia 26 de Abril de 1904. Morreu em 1992.)
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