quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

As dez maiores tangas da História de Portugal 9

9. O país dos brandos costumes. Quando nos lembramos de condescender e gostarmos de nós, gabamo-nos de sermos heróis do mar, nobre povo, nação valente - porém sobretudo um país de brandos costumes, como se diz, uma gente mansa, tolerante, de lágrima fácil, avessa a qualquer tipo de violência, vivendo o seu dia-a-dia na paz dos anjos e na melhor das concórdias com vizinhos e forasteiros. Assim nos vemos.
Evidentemente que podemos pensar que somos assim, mas não somos.
"Essa ideia do país dos brandos costumes é uma rematada mentira - ensinava-me aqui atrasado o historiador portuense Hélder Pacheco. - A nossa História demonstra que somos exactamente o contrário".
Basta pensar, com efeito, "no quotidiano do nosso interior", segundo Pacheco, ou no Portugal profundo, como dizem os portugueses muito licenciados e mestrados mas que só conseguem respirar à superfície, onde as pequenas heranças são disputadas a tiro de caçadeira e os regos de água são discutidos à sacholada, sobretudo entre irmãos...
Bondará lembrar também, tornando à História de caixa alta, "as situações de extrema violência e intolerância" perpetradas por portugueses contra portugueses, para não ir mais longe, "durante a guerra civil entre liberais e absolutistas ou no tempo da Primeira República".
E mais disse Hélder Pacheco: "Portugal é um país que viveu em ditadura! Onde estavam então os brandos costumes? O que nós somos é um país em que as relações entre as pessoas e a sociedade foram sempre pautadas por grande violência, intolerância e, em muitos casos, rondando os limites da civilização. Veja-se o que se passa hoje com a violência exercida, no nosso país, sobre as mulheres e sobre as crianças"...
E toma lá, que já almoçaste!...

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