4. Egas Moniz. Estão a ver o filme? Egas Moniz o aio, rodeado pela família, todos descalços e de corda ao pescoço, apresentando-se à corte do castelhano Afonso VII, em Toledo, pronto a expiar radicalmente a falta de palavra do seu senhor, D. Afonso Henriques?
Corta! Esta cena nunca aconteceu. Mais: o historiador Joel Cleto fez o favor de me garantir que Egas Moniz, ao contrário do que nos ensinaram na escola, "não criou nem foi aio" do primeiro rei de Portugal. Ele era apenas "um nobre de segundo plano no tempo da formação da nacionalidade", que um seu descendente, trovador na corte de Afonso III o nosso, quis engrandecer, como "forma de promover a sua própria linhagem e, logo, de se autopromover".
Cleto fazia notar que "a tentação de reescrever a História sempre foi muito forte" no nosso país, não faltando por aí "adulterações motivadas por factores religiosos, nacionalistas e até pessoais". Como aqui neste caso, em que uma invenção familiar transformou Egas Moniz no aio e cavaleiro que mal-educara D. Afonso Henriques. O certo, porém, é que - como concluía o comunicador televisivo - "a mentira pegou" e rende "desde o século XIII até aos nossos dias"...
(Mais sobre Egas Moniz, num registo completamente diferente, aqui)
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