Lenço branco
Nascido de alma caudilha
- nem por isso menos franca -
Deus te deu essa cor branca
que até de noite rebrilha.
Lua do herói na coxilha,
por de eu for, onde eu ande
e sem que ninguém me mande,
eu te canto, troféu mudo
que é puro neste Rio Grande!
Do pica-pau ao chimango
vai um pedaço de glória
e engarupo na memória
com um guascaço de mango
recuerdos de algum chatango
que no passado ficou.
Se eu sou assim como sou,
entonado e orgulhoso,
devo a ti, lenço glorioso,
que eu herdei do meu avô.
Das lágrimas de uma china
quando seu índio partia,
de uma lua que alumia
debruçada na campina,
de uma sanga cristalina
que murmurava merencórea,
do clarão de uma vitória
deste povo leal e franco,
nasceste, meu lenço branco,
para bandeira de glória!
Teu gosto é andar voejando
entre guerreiros e lanças
e acalentar esperanças
entropilhadas em bando.
O futuro está chamando,
já cumpriste o teu ideal,
porque o Rio Grande imortal
fez de ti o seu retrato:
oposto do maragato,
puro, atrevido e bagual!
"Antologia da Poesia Épica no Rio Grande do Sul", António Augusto Fagundes
(António Augusto Fagundes, conhecido também como Nico Fagundes, nasceu no dia 4 de Novembro de 1934. Morreu em 2015.)
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