O choro da vela
Quando alguém morre, é logo acesa a vela...
E postada ali junto, a tudo alheia,
Comprida e erguida, feita sentinela
Aos pés do morto, triste bruxuleia.
Enquanto todos choram, também ela
Seu copioso pranto não sofreia;
E em lágrimas de cera se revela
Cheia de dor e de amargura cheia.
Ninguém mais chora, em breve. Ouve-se, lento,
Um murmúrio de rezas, um lamento
Que se evola de cada coração.
Só o choro da vela é que não finda:
Mesmo apagada já, ficam ainda
Gotas secas de pranto pelo chão.
Nilo Ramos
(Nilo Ramos de Araújo Pereira nasceu no dia 28 de Outubro de 1984. Morreu em 1935.)
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