Ante a paisagem
Eu fujo da Paisagem. Tenho medo.
Os pinheirais são em marfim bordados.
Sou paisagem-cetim num olhar quedo,
Oiro louco sonhando cortinados.
Fujo de mim porque já sou Paisagem.
Procura-me Satã no meu chorar...
Seus passos, o ruído da folhagem.
Cimos de lírios velhos de luar.
As tuas mãos fechadas e desertas,
Janelas para o jardim, jamais abertas,
Fiam de mármore um correr de rios...
E os teus olhos cansados de saudades.
Eunucos possuindo divindades...
Hora-luar a de teus olhos frios...
"Elogio da Paisagem", Alfredo Guisado
(Alfredo Guisado nasceu no dia 30 de Outubro de 1891. Morreu em 1975.)
Sem comentários:
Enviar um comentário