Quem nunca veio a Viana, quem não atravessou a linda ponte do caminho-de-ferro, entre o aterro de S. Bento e a risonha aldeia de Darque, tão célebre outrora pelas suas faianças pombalinas; quem não percorreu a estrada litoral até Caminha, através das povoações de Âncora, da Areosa e de Afife; quem não transitou a pé pelos caminhos de uma e da outra margem do rio, por Meadela e Santa Marta, até o pontilhão do Portuzelo rodeado de casais, de moinhos de vento e de rochas em que escachoa a água, límpida e desnevada, através da qual se vêem trepidar e reluzir as trutas; quem não foi e não veio, pela direita e pela esquerda da ribeira, de Viana a Ponte do Lima e de Ponte do Lima a Viana; quem durante alguns dias não viveu e não passeou nesta ridente e amorável região privilegiada das éclogas e das pastorais, não conhece de Portugal a porção de céu e de solo mais vibrantemente viva e alegre, mais luminosa e mais cantante.
"As Farpas I", Ramalho Ortigão
(Ramalho Ortigão nasceu no dia 24 de Outubro de 1836. Morreu em 1915.)
Sem comentários:
Enviar um comentário