Mão ante mão, Portugal caminha para ser um país de pistoleiros. Em apenas um ano, os portugueses passaram a ter mais 19 mil armas registadas, que no total já são quase milhão e meio. Agora imagine-se o que vai aí de revólveres e carabinas sem bilhete de identidade! Também os pedidos de licença de uso e porte de arma dispararam 20 por cento no
último ano e o número de armeiros cresceu 10 por cento. Os especialistas em segurança dizem que esta corrida ao armamento é um sintoma da crise. Pois deve ser. Temos o faroeste à porta. Os políticos há muito que não nos são de confiança e a pobreza galopante com que eles nos castigam está a pôr-nos a desconfiar uns dos outros, cá em baixo, onde devíamos ser unidos mas os bagos de arroz pingam a conta-gotas, quando pingam, e não chegam para todos. Colegas de trabalho tramam-se uns aos outros em nome da sobrevivência, as passadeiras nas estradas são cada vez menos local de tréguas e até os irmãos já foram mais fraternos do que são. Se ainda têm coragem para sair à rua, reparem como as pessoas estão cada vez mais agressivas umas com as outras nas filas dos supermercados. E é para pagar! Um destes dias desata tudo aos tiros. E seremos as vítimas do nosso fogo cruzado.
Entre mortos e feridos, safam-se os de lá de cima. Como sempre.
Entre mortos e feridos, safam-se os de lá de cima. Como sempre.
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