Miguel Relvas foi ontem vaiado no encerramento do congresso da Associação Nacional de Freguesias. O indesculpável ministro de Pedro Passos Coelho, que lhe vem quase logo a seguir na hierarquia do Governo, viu metade dos 1.600 congressistas voltar-lhe as costas e abandonar a sala e ouviu a outra metade assobiá-lo e mandá-lo àquela parte, em protesto contra a proposta de extinção de freguesias defendida pela coligação PSD/CDS. No final, Relvas disse que o clima de contestação foi "gerado e estimulado" propositadamente contra si. É como um alho, não sei como é que ele percebeu.
O todo-poderoso ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares escusa, no entanto, de preocupar-se antes do tempo. Porque isto dos assobios é relativo. É como os penáltis por encontrão. Depende da intensidade, como muito bem explicaria o saudoso Pôncio Monteiro. E até pode ser que os assobios ao Relvas tenham sido afinal aplausos, consoante o lugar em que o assobiódromo oficial do INE o colocou na sequência do episódio de Portimão. Confesso que não tive tempo de consultar o histórico de assobios nos congressos da Anafre, nem pude ver a última actualização do ranking nacional de ministros assobiados.
Mas posso contar o seguinte: no ano de 2008, Manuel Pinho, o excelente ministro da Economia que se desgraçou por causa dos corninhos na Assembleia da República, foi ao Estádio Nacional entregar a taça ao vencedor do Estoril Open - Roger Federer, para que conste. E levou a vaia da ordem. É uma tradição do torneio: assobiar o vaidoso do Governo que lá vai botar figura. Mandaram-me ligar-lhe no dia seguinte, para saber como é que ele encaixou a humilhação. E apanhei-o.
Mas qual humilhação? Pinho estava todo contente, até parecia que tinha gostado. Explicou-me: "Toda e gente me disse que, de longe, fui o ministro menos assobiado dos últimos anos". Ao sinistro Relvas (a esquerda, se a há, que me desculpe) só lhe ficava bem deixar de se armar em vítima, logo ele!, e de inventar complôs. A democracia tem disto: assobios.
Claro que foi!
ResponderEliminar"Gerado e estimulado por ele próprio!!!"
Ele é efectivamente o elo mais feroz dos quadrilheiros que ocupam a cadeira do poder no nosso país.
Quando será que o zé povinho se dá conta de que, sempre que se agita um pouco mais, estes fortalhaços borram as cuecas...???
Gaspar de Jesus
Borram as cuecas! Exactamente, Gaspar. Obrigado pela visita e pelo comentário.
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