domingo, 12 de fevereiro de 2012

Coentros e raspanetes

Semeei um vaso de coentros. Um vaso pequeno, que a varanda é curta e só dá mesmo para isso: vasinhos - com salsa, manjericão, tomilho, hortelã, alecrim e coentros, azevinho para me lembrar que há sempre Natal, apesar de tudo, e duas daquelas plantas dadas ao deserto e tão portuguesas dos nossos dias que conseguem safar-se sem comer e sem beber. Uma foi-me oferecida pelo meu amigo Almeida, fino como um alho para me ensinar a vida. Tivesse eu espaço e também lá metia, a ver se dava, tudo o que não tenho e nos faz tanta falta, como, por exemplo, batatas, arroz, bacalhau, emprego, azeite, pão, ossos da suã, respeito, sardinhas, carapaus, bifanas e outras coisas assim. Mas deixemo-nos de lamechices.
O que interessa é isto, dei utilidade ao meu sábado. Semeei o vaso de coentros e preguei-lhes logo um sermão, porque realmente de pequenino é que se torce o pepino (sim, pepinos também era bom): meus ricos meninos, disse-lhes eu, está um frio que não se pode andar com ela ao léu, mas não quero cá pieguices! O tempo está ruim, está sim senhor, mas é em tempos assim que se vê de que massa é que os coentros são feitos (massa também dava jeito, se for de cotovelos)! Temos que ser exigentes, meus montes de merda (isto é o chamado estrume moral), temos que ser persistentes, suas sementes de trazer por casa (é verdade, apanhei-as no vaso do ano passado)! E dou quinze dias para vos começar a ver a fronha, com geada ou sem geada, o problema é vosso, engonhas sem vergonha! Quinze dias, um atrás do outro, sem sequer tirar fora, disse eu ao vaso e não estava para brincadeiras. Queres feriado, toma!
Vamos lá ver o que acontece. Diz que se deve falar com as plantas e eu falei logo com as sementes. Tenho um vizinho alemão que gostou muito de me ouvir. Só espero não ter sido duro de mais. Os coentros fazem-me falta.

4 comentários:

  1. Hernâni
    Ao ler-te, pareceu-me estar a ouvir o "Pedrito Valentaço". Sim, aquele que chama mandriões e piegas aos que como eu começaram a trabalhar aos 11 anos de idade. Sim, esse rapazola sem miolos, que por incapacidade intelectual se viu forçado a "comprar" a licenciatura na Lusíada aos... 37 anos de idade. Sim, esse que tentou carreira de cantor, mas como não a conseguiu comprar, falhou!
    No entretanto, o tenebroso Ângelo Correia (Barão do PSD) condoeu-se com tamanha aberração e ofereceu-lhe um lugar de paquete em algumas das suas muitas empresas, tinha o rapazola já 40 risonhas primaveras...rsrsrsrs
    Ao fim de muitos tabefes e alguns pontapés no cu, o tenebroso Ângelo, terá descoberto que, afinal, o "petiz" sempre servia para qualquer coisa. Forçou, forçou, moveu influências, e, lá convenceu os parvos dos portugas a elegeram o infeliz para 1º ministro.
    Agora passeia-se por aí todo lampeiro, armado em pessoa importante, roubando e ofendendo os que nele votaram. Mas, nos intervalos, continua a ser açoitado pelo seu tenebroso Amo.
    Gaspar de Jesus

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    1. Grande Gaspar de Jesus,
      Muito obrigado pela visita e pelo comentário. Abraço,
      h.

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  2. Outro texto de cinco estrelas a partilhar com Amigos, se não se importar. As vezes que eu já tentei semear coentros... (Koriander, para o seu vizinho!) mas eles, teimosos, não sei por falta de raspanete .... ou porque as geadas em Hamburgo são severas, ou então ralhei-lhes em português e elas eram sementes alemãs, ou vice versa? Quando voltar a Portugal vou trazer sementes do quintal da minha mãe... depois dou-lhes um raspanete à Hernâni e coentros garantidos! Continue a plantar coentros e palavras, se faz favor. Bem haja,M

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