Foto Tarrenego! |
O que eu gosto mais na dieta mediterrânica, para além da comida propriamente dita, é o facto de se chamar dieta, o que me sossega sobremaneira a consciência, embora me alvoroce o estômago, os intestinos, o fígado e as articulações dos pés, das mãos, dos joelhos e dos cotovelos, para não falar do resto. Mas é dieta e temos de obedecer. Uma dieta feita, paradigmaticamente, à base dos ossinhos da suã da Tasquinha d'Alice, em Bobal, Mondim de Basto, como quem vai para as Fisgas de Ermelo, entalados, os ossinhos, entre salpicão caseiro e moiras encantadas e um naco de orelheira para desenfastiar e duas ou três costelinhas e meia dúzia de fatias de toucinho com o sal no ponto e batatas sabendo a terra e olhos de couves geadas pela madrugada e feijão vermelho da leira ao lado e por cima de tudo alho picado e azeite da fartura e do melhor mais um tintinho honesto e de malga para molhar a palavra. Produtos frescos, locais e produzidos em sintonia com os ciclos astrais e os ritmos da natureza, como muito bem preconiza a Unesco. E eu, nestas coisas, respeito implacavelmente a Unesco.
Depois, gosto também da denominação ela própria. Património Cultural Imaterial da Humanidade. Gosto da pomposidade das maiúsculas e gosto da palavra "Imaterial", porque, pensando bem, é uma palavra que, não sendo sólida nem líquida, resvala sorrateiramente para o domínio do "Gasoso" - o que, com sabemos todos, confere...
P.S. - Hoje é Dia Europeu da Alimentação e da Cozinha Saudáveis.
Sem comentários:
Enviar um comentário