Mão ante mão, Portugal caminha para ser um país de pistoleiros. Há registos de mais de 210 mil licenças de porte de armas válidas, e só no ano passado foram emitidas 13 mil novas autorizações. Portugal é um dos países da União Europeia com mais armas de fogo. As autoridades policiais estimam em mais de milhão e meio o número de armas legais, enquanto estatísticas citadas pela comunicação social contabilizam 21 armas por cada 100 habitantes. Agora imagine-se o que vai aí
de revólveres, espingardas e carabinas sem bilhete de identidade! Os especialistas
em segurança costumam dizer que a corrida ao armamento é um sintoma da crise.
Pois deve ser. E temos então o faroeste à porta. Os políticos há muito que não
nos são de confiança e a pobreza galopante com que eles nos castigam
está a pôr-nos a desconfiar uns dos outros, cá em baixo, onde devíamos
ser unidos
mas os bagos de arroz pingam a conta-gotas, quando pingam, e não chegam
para todos. Colegas de trabalho tramam-se uns aos outros em nome da
sobrevivência, as passadeiras nas estradas são cada vez menos local de
tréguas e até os irmãos já foram mais fraternos do que são. Se quem me lê ainda tem
coragem para sair à rua, repare como as pessoas estão cada vez mais
agressivas umas com as outras nas filas dos supermercados. E é para
pagar! Um destes dias desata tudo aos tiros. E seremos as vítimas do
nosso fogo cruzado.
Entre mortos e feridos, safam-se os de lá de cima. Como sempre.
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