terça-feira, 27 de julho de 2021

De rerum natura

No Parque da Cidade há cisnes-mudos, gansos-bravos, gansos-do-egipto, patos-reais, galinhas d'água, galeirões-comuns, guinchos, piscos-de-peito-ruivo, melros-pretos, chapins-reais, pardais-comuns e pegas. Esta é a população oficialmente recenseada. Mas também há coelhos e toupeiras, gatos e cães vadios, pombas e gaivotas, galinhas que eu já as vi, papagaios e outros benfiquistas, corredores, andadores e passeadores afins, rãs, sapos e salamandras, lesmas e caracóis, grilos e gafanhotos, borboletas a certa hora, sardaniscas e lambisgóias, sardões com e sem rabo, espreitas e bicicletas, cavalos-republicanos às vezes, burros de um modo geral.
No tempo do Primavera Sound, que a pandemia veio aliviar, há também camiões, guindastes e contentores, dezenas de geradores, megapalcos, supertendas, barracas, tonéis de cerveja cheios e escorropichados e cheios e escorropichados vezes sem conta nem medida, toneladas de lixo e pés, decibéis à solta, ameaços de terramotos, aluimentos, quem dera que não chova, Deus queira que não caia. Há vedações e avisos, pedimos desculpa pela interrupção, o parque segue dentro de dias. Quem estiver mal que se mude, prometemos deixar tudo como estava.
Não sei é se aquele fauna toda foi devidamente notificada.

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