O Natal é um equívoco
O Natal é um paradoxo: alegra e deprime. E é também um equívoco: marcado para o dia 25, toda a gente sabe que é na noite de 24.
Espanto gastrointestinal
Era vegetariano completo e cagava postas de pescada. A ciência nunca soube explicar o fenómeno.
Naquele tempo o Menino Jesus era nosso
As coisas em que a gente acredita quando é miúdo! Eu, por exemplo, acreditava piamente que o Menino Jesus era português - morra já aqui se estou a mentir. Eu ia à missa, ajudava, ouvia com gosto aqueles bocadinhos de Bíblia e fazia a conexão que se impunha: se a Samaritana é de Coimbra, se os apóstolos são todos portugueses, é só ver os nomes - João e Tiago, filhos de Zebedeu, Pedro, André, Mateus, Tomé, Bartolomeu, e por aí fora -, se o Jordão é em Guimarães e o Calvário em Fafe, se Roma é uma avenida em Lisboa, se Nazaré e Belém são nossos, então o Menino Jesus também é. Deus é nosso. Se Deus quiser até joga na Selecção e marca os golos que Lhe apetecer. Já grande, e após alguns anos de desengano e reeducação religiosa nos trabalhos forçados do seminário, passei a olhar com um certo carinho e determinada melancolia para esta minha crença infantil e patriótica. Depois veio Cavaco Silva, em 2006, e eu deixei finalmente de acreditar. Dediquei-me à exegese, à hermenêutica, à toponímia, à topogígia, à geografia e à natação sincronizada sob chuveiro, sem ofensa para os presentes e apenas às primeiras quartas-feiras de cada mês, de três em três meses, dez minutos antes de me deitar.
Como os melões
Os anos são como os melões. Mas ao contrário. Só depois de fechados é que se sabe se foram bons.
Como as cerejas
Os anos são como as cerejas. Vêm uns atrás dos outros.
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