Pavana das putanas de Copacabana
outono da alcova e noite - de onde? -
musa do quarteirão - "je vous emmène?" - quem
de nós te levaria
em salva de mãos de prata dessa
pavana das putanas de Copacabana?
Enumerasse as cidades e as ruas
e ao nome delas
teu rosto respondera:
foi assim em Florença aquela noite quando
o lírio floresceu na pedra
quando
o lírio boiou nas águas do Arno e as Sabinas
de onda e lírio
raptavam os soldados e os turistas:
Elvira Lopes abrira
da feira de Crateús ao patamar da Igreja dos Teatinos
de Munich a dança
da pavana das putanas de Copacabana.
Bem que amais enumerar o inumerável:
como rompeis o sono dos catálogos
à veia das cidades:
"Frauen, mein Herr, Kaerntnerstrasse, die Graben, Viena";
Por que não sai o Rei Baudouin à Porta de Namur e
o Rei dos
quando a rosa dos ventos desabrocha nos olhos
e as que foram perdidas são achadas
e nos Champs Élysées, no Boulevard des Italiens e na Chaussée d'Ántins surgem do mapa, surgem
das partituras madrilenhas da Gran Via
da pavana das putanas de Copacabana.
[...]
"Três Pavanas", Gerardo Mello Mourão
(Gerardo Mello Mourão nasceu no dia 8 de Janeiro de 1917. Morreu em 2007.)
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