Bravo!, bravo!, bravo!, gritou-se na ópera
O São Carlos rebentando pelas costuras, o público, conhecedor,
finíssimo, lisboeta, num delírio de palmas compassadas e gritos
comedidos (os chamados gritinhos): - Bravo!, bravo!, bravo!...
O
touro, um Miura rondando os 650 quilos, assomou à boca de cena e
agradeceu, composto e patriótico: - Gracias, muchas gracias!...
Until the fat lady sings
Já não há na ópera senhoras gordas como havia antigamente. Agora as
senhoras da ópera são magras, geralmente bonitas e algumas até boas como
o milho. A mim, que sou melómano e purista, faz-me diferença,
desconcentra-me.
Sopranos e beltranos
Os sopranos têm, por definição, o tom de voz mais agudo e com mais
alcance de mulher ou de rapaz muito novo. Se os sopranos forem homens,
os puristas preferem chamar-lhes contratenores, que há quem confunda com
contentores. Os sopranos dividem-se essencialmente em sete partes:
soprano ligeiro, soprano lírico-ligeiro, soprano lírico, soprano lírico-spinto,
soprano lírico-dramático, soprano dramático e soprano ultraligeiro.
Também podem ser saxofones ou clarinetes, por exemplo. Nos Estados
Unidos, os Sopranos ainda piam mais fino: são mais que as mães, maus
como as cobras e convictos frequentadores de meretrizes. São
extremamente mafiosos e profundos conhecedores, estes sim, de
contentores, blocos de cimento e rios. Quando inadvertidamente apanhados
por famílias inimigas, e desmembrados como manda a lei, os Sopranos são
chamados, por divertimento, meios-sopranos. Os Sopranos americanos
fizeram uma excelente série de televisão e agora vão dar em filme, que
terá por título, corrigido, "Os Contratenores". O melhor Soprano do
mundo (portanto, o pior) chamava-se Tony e padecia de ansiedade.
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