[Soneto do pau decifrado]
É pau, e rei dos paus, não marmeleiro.
Bem que duas gamboas lhe lobrigo;
Dá leite, sem ser árvore de figo,
Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:
Verga, e não quebra, como o zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro tem o umbigo:
Brando ás vezes, qual vime, está consigo;
Outras vezes mais rijo que um pinheiro:
À roda da raiz produz carqueja:
Todo o resto do tronco é calvo e nu;
Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!
Para carvalho ser falta-lhe um v;
Adivinhem agora que pau seja,
E quem adivinhar meta-o no cu.
Bocage
(Bocage nasceu no dia 15 de Setembro de 1765. Morreu em 1805.)
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