domingo, 9 de dezembro de 2018

António Nunes 3

Morna

As mesmas casas... as mesmas ruas...
O mesmo largo...
Só os rostos dos homens é que não são os mesmos
e, ébrios, os braços pendem, os homens tombam...

Som de violino escapando-se da casa térrea.
Cheiro a petróleo e a fumo.
Quêréna treme os dedos sobre as cordas,
Olhos vidrados berram por mais grog!

Titina sente-se frágil sob os braços de Armando.

A morna traz ao corpo a lassidão e o sonho,
Como a lua pondo sombras em coisas impossíveis...

"Poemas de Longe", António Nunes

(António Nunes nasceu no dia 9 de Dezembro de 1917. Morreu em 1951.)

Sem comentários:

Enviar um comentário