Para quê me deste à vida?
Para que foi, ó Mãe, que me criaste?
Mas - antes! - para quê me deste à vida?
Emendando: porquê, de espavorida,
o pescoço me não estorcegaste?
Melhor andaras, Mãe, pois destinaste,
assim, a tua carne a ser perdida.
Ah! Mãe! Na tua gélida jazida,
saberás que, ao seres mãe, me assassinaste?
Se o sabes, no teu ventre, como cunhas,
deves cravar, em desespero, as unhas,
deves na campa estertorar aos ais.
Aqui estou, Mãe, agora, nestas ânsias.
Aqui estou, sem estar. Rojo em distâncias,
só e sem mim, - que é um só demais.
"Antologia Poética", Tomaz de Figueiredo
(Tomaz de Figueiredo nasceu no dia 6 de Julho de 1902. Morreu em 1970.)
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