quinta-feira, 3 de maio de 2018

Branquinho da Fonseca 4

O arquipélago das sereias

Ó nau Catrineta
Em que andei no mar
Por caminhos de ir,
Nunca de voltar!

Veio a tempestade
Perder-se do mundo,
Fez-se o céu infindo,
Fez-se o mar sem fundo!

Ai como era grande
O mundo e a vida
Se a nau, tendo estrela,
Vogava perdida!

E que lindas eram
Lá em Portugal
Aquelas meninas
No seu laranjal!

E o cavalo branco
Também lá o via
Que tão belo e alado
Nenhum outro havia!

Mundo que não era,
Terras nunca vistas!
Tive eu de perder-me
Pra que tu existas.

Ó nau Catrineta
Perdida no mar,
Não te percas ainda,
Vem-me cá buscar!


"Mar Coalhado", Branquinho da Fonseca 

(Branquinho da Fonseca nasceu no dia 4 de Maio de 1905. Morreu em 1974.)

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