Cuidado, estamos em terreno escorregadio. Elaboramos aqui sobre dois conceitos aparentemente correlativos - quero dizer, o borra-botas, antes de o ser, é cagão, e o cagão, após sê-lo, é borra-botas, há quem pense -, mas não é necessariamente assim. Vejamos:
Borra-botas, posto que começou por significar engraxador, ou, sejamos compreensivos, engraxador desastrado, espécie de expressionista abstracto do rez-de-chaussée, é nome que hoje em dia define indivíduo sem valor, safardana, bisbórria, biltre, patife, salafrário, bigorrilha, pulha, bandalho, trapalhão, troca-tintas, joão-ninguém, zé-ninguém, zero-à-esquerda.
Debrucemo-nos agora sobre o cagão: é originalmente o indivíduo que defeca (ou que se peida, se for em Fafe) com entusiástica frequência e notoriedade, mas o termo passou também a servir para identificar o homem medroso, caguinchas, medricas, cagarola, ou, por outro lado, o vaidoso, o presunçoso, o arrogante, o snobe, o pedante, o gabarola, o armante, o enfatuado, o figurão, o tem-a-mania. E este é que é o ponto...
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