Quando por último o reconheci, não pude furtar-me a um irreprimível movimento de assombro. Ele tem à justa a minha idade, e, com franqueza, se a passos largos e assustadores caminhamos para a velhice, não é ainda a senectude, muito longe disso! Havia um ror de tempo que não nos encontrávamos, talvez desde rapazes, e eu perdera de todo o rasto que dele ia ficando na vida. Qualquer mistério o eclipsara, cuidava eu, e às vezes punha-me a querer adivinhar que sumiço lhe dera - teria morrido, o desventurado, ou arrastaria ainda os cansados passos por este triste mundo? [...]
"Assombros", Manuel Mendes
(Manuel Mendes nasceu no dia 18 de Janeiro de 1906. Morreu em 1969.)
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