sábado, 16 de dezembro de 2017

Renato Pacheco 2

Agora tudo é novo e ao longe nos conduz.
Nesse lago cabem todas as poéticas.
Colombo ainda tarda a chegar e o Paraíso
- como tantos, mais um falso paraíso -
lá está, está lá, a oeste, no poente.
Do mar os capixabas caminham para Rondônia,
atravessar os Andes será um passo a mais.
Gilles de Rais foi o começo de tudo,
Mariscal em busca da pedra filosofal,
passou a procurar là-bas o que se achava em cima,
passou a procurar out o que se encontrava dentro.


Ê mundo mau, mundo luz, mundo louco.


Cascatas que cantam, pássaros no azul,
um pequeno verme se arrasta na pedra vermelha,
e estes cheiros esterqueiros são orgíacos:
não se abster, nem se demasiar, isto não.
Dormir com olhos abertos e sal na boca,
luzir até as raias do infinito,
alçar todos os céus em alto grito,
e correr em direção ao mar, ao nada,
em caminhada sem fim e sem começo.


"Cantos de Fernão Ferreiro e Outros Poemas Heterônimos", Renato Pacheco 

(Renato Pacheco nasceu no dia 16 de Dezembro de 1928. Morreu em 2004.)

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