sábado, 9 de dezembro de 2017

Maria de Arruda Müller

Ante a queimada
 
A macega, ontem verde, perfilada,
Quais colunas de posfiro e metal,
Dobra-se triste, desclorofilada,
Espectro da ardente vida vegetal!


O chão tão ressequido, atormentado,
Nos meses de verão, impiedoso,
Desfaz-se, em leve pó, imponderado
Que o vênto remoinha, descuidoso!


Escuta-se uma súplica, um lamento,
Té as entranhas profundas do solo...
De sede, ou angústia, martírio incruento!


A mata e os seres pungem sem consolo...

"Sons Longínquos", Maria de Arruda Müller

(Maria de Arruda Müller nasceu no dia 9 de Dezembro de 1898. Morreu em 2003.)

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