A face que mimavas e dizias
ser o sonho de amor com que sonhavas,
se hoje ao mundo voltasses, não verias
aquela mesma face, que mimavas.
Mudou-se-me o destino, mal partias,
pois órfão do destino me deixavas,
e, na ronda das horas e dos dias,
tudo mais se mudou, porque mudavas.
Sucederam-se os anos... Envelheço,
mas, se a luz em meus olhos já rareia,
a mocidade nos teus olhos brilha.
Contemplo-te o retrato e me enterneço
- Tal é a distância que entre nós medeia,
que hoje pareces minha própria filha.
ser o sonho de amor com que sonhavas,
se hoje ao mundo voltasses, não verias
aquela mesma face, que mimavas.
Mudou-se-me o destino, mal partias,
pois órfão do destino me deixavas,
e, na ronda das horas e dos dias,
tudo mais se mudou, porque mudavas.
Sucederam-se os anos... Envelheço,
mas, se a luz em meus olhos já rareia,
a mocidade nos teus olhos brilha.
Contemplo-te o retrato e me enterneço
- Tal é a distância que entre nós medeia,
que hoje pareces minha própria filha.
Enrique de Resende
(Enrique de Resende nasceu no dia 13 de Agosto de 1899. Morreu em 1973.)
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