Azul
Chapéu azul, vestido azul de azul bordado,
Azuis o pára-sol e as luvas, senhorita,
Como um lótus azul por um deus animado,
Passa toda de azul, por mil bocas bendita.
–
Há um bálsamo azul nesse azul que palpita,
Misticismos de um mundo há muito em vão sonhado,
Azul que a alma da gente a idolatrá-la incita,
Azul claro, azul suave, azul de céu lavado.
–
Deixa na rua um rastro azul que cega e prende,
Não sei quê de anormal, de fantasma ou de duende
Que prende os pés ao solo e ao mundo os olhos cerra;
–
Vendo-a, não se vê mais nada que o azul, tonteia...
Como num sonho azul, logo nos vem à ideia
Um pedaço de céu azul passeando a terra.
Orlando Martins Teixeira
(Orlando Martins Teixeira nasceu no dia 27 de Agosto de 1875. Morreu em 1902.)
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