A poesia, essa melodia da alma e do coração, essa primeira voz do homem, que se desprende, balbuciando apenas, essa linguagem mística, que conhece as emaranhadas florestas, os caudalosos rios, os áridos desertos, e as alcantiladas montanhas; a poesia, que é a alma do universo, e que existe entre os povos civilizados, e também no meio das tribos nômades, e desamparadas, a poesia foi o primeiro ramo da literatura que cultivaram os povos do Brasil. Sua civilização não se estendia a muito, como acabamos de ver, apenas algumas escolas de gramática existiam; apenas alguns padres ensinavam os primeiros rudimentos das ciências; e durante o século XVI, apenas de algum brasileiro, de algum homem, que respirasse, nascendo, a atmosfera de amor e de delícias deste país novo e encantador, se contam versos e poesias, pela mor parte latinas, que constituem toda a literatura brasileiro do século XVI, e que se perderam quase todas pelas livrarias dos conventos dos religiosos, poucas e muito poucas tendo chegado até nossos dias.
"Parnaso Brasileiro", J. M. Pereira da Silva
(J. M. Pereira da Silva nasceu no dia 30 de Agosto de 1817. Morreu em 1898.)
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