Meu neto
Ergo-te em meus cansados braços,
que tanto labutaram nesta vida.
E sinto que me aflora aos olhos baços
a gota de uma lágrima furtiva.
Bem sei que por misteriosos laços
minha vida na tua está contida.
E quando me descubro nos teus traços,
quero que tudo em mim renasça e viva.
Mas sei que vou partir, quando amanheces.
É fatal que se cumpra a lei da vida.
Enquanto digo adeus, vives e cresces.
Assim, pouco me importa esta partida,
se em meu lugar tu ficas, permaneces
para que em teu sorriso eu sobreviva.
Jorge Medauar
(Jorge Medauar nasceu no dia 15 de Abril de 1918. Morreu em 2003.)
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