Suicidou-se anteontem o meu triste amigo Boaventura da Costa.
Pobre Boaventura! Jamais o caiporismo encontrou asilo tão cômodo para as suas traiçoeiras manobras como naquele corpinho dele, arqueado e seco, cuja exiguidade física, em contraste com a rara grandeza de sua alma, muita vez me levou a pensar seriamente na injustiça dos céus e na desequilibrada desigualdade das coisas cá da terra.
Não conheci ainda criatura de melhor coração, nem de pior estrela. Possuía o desgraçado os mais formosos dotes morais de que é susceptível um animal de nossa espécie, escondidos porém na mais ingrata e comprometedora figura que até hoje viram meus olhos por entre a intérmina cadeia dos tipos ridículos.
O livro era excelente, mas a encadernação detestável.
"Polítipo", Aluísio Azevedo
(Aluísio Azevedo nasceu no dia 14 de Abril de 1857. Morreu em 1913.)
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