O problema do livro é hoje mundial. Não se trata mais do livro neste momento, como em outros tempos. Todos se lembram, todos nos lembramos das festas colegiais, em que se recitavam os versos de Castro Alves:
"O livro, caindo n'alma,
É gérmen que faz a palma,
É chuva que faz o mar."
Depois disso, começou-se falar mal do livro, veio a reação contra a educação livresca.
Sacha Guitry não é autoridade adequada a este assunto solene; mas, é homem de tão fina inteligência, que não quero calar o autor da observação. Sacha Guitry disse que o que está nos livros não se aprende, não se estuda, precisamente porque está nos livros. O horário das estradas de ferro, o catálogo dos telefones, ninguém os estuda; na hora em que precisa, consulta. O que está no livro, não se precisa estudar.
De sorte que o livro começou a ficar desprestigiado. Na reação contra o bacharelismo entrava alguma coisa de reação antilivresca. Apareceu a escola ativa. Afastaram-se os livros; os livros foram se desprestigiando cada vez mais.
No entanto, creio, como Jorge Duhamel, que, nas condições atuais da humanidade, o destino da nossa civilização está ligado ao destino do livro, instrumento essencial da cultura verdadeira.
"Discursos e Conferências", Levi Carneiro
(Levi Carneiro nasceu no dia 8 de Agosto de 1882. Morreu em 1971.)
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