Antigamente moça não mostrava o pé. Hoje, mostra o pé, a perna, a
coxa, tudo! Tudo, Mestre Severino. Quando senta, dobra a perna, o coxão
aparece. Mesmo na igreja, diante de Nosso Senhor Jesus Cristo. Na hora
do sermão, só eu sei a força que faço para não disparatar. Tudo mal
sentado. Mesmo as velhas, que têm o dever de dar o bom exemplo. Não sei
se o senhor já sabe que ultimamente eu não tenho confessado ninguém.
Pois
é verdade. Só na hora da morte, para ministrar a extrema-unção. Fora
daí, não. Não aguento mais com as safadezas que todo mundo vem me
cochichar no pé do ouvido. Basta. Não suporto mais. A vontade que tenho
agora é ficar dentro do confessionário com um chicote rabo-de-tatu, para
aplicar a penitência, eu mesmo, na bunda de muita velha. Para mim,
chega! Assim também é demais! Quanta barbaridade! Quanta falta de
vergonha! Só pecado.
"Cais da Sagração", Josué Montello
(Josué Montello nasceu no dia 21 de Agosto de 1917. Morreu em 2006.)
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