Um cínico diria: 22 homens correndo atrás de um pouco de ar comprimido em alguns
centímetros de couro. Mas seria
ignorar o principal: a habilidade
física necessária para que essa bola sempre tão fugidia e rebelde se
submeta finalmente ao império
da nossa vontade; o esforço dos
músculos e a tensão do espírito
sem os quais não se dobra o adversário; a identificação afetiva e
passional da torcida. Onze homens solitários representando todo um clube, toda uma cidade, todo um estado, toda uma nação.
Decidindo em 90 minutos a felicidade ou a infelicidade de milhões
de pessoas. O futebol começa como um esporte, uma exibição das
potencialidades atléticas do homem: corrida, salto, golpe de vista, resistência, reflexos. E termina
como um poderoso símbolo da
vida social. Nunca o Brasil foi
mais triste do que em 1950, ao
perder o título mundial para o
Uruguai. Ou mais alegre do que
em 1958, ao ganhá-lo da Suécia.
"Seres, Coisas, Lugares - Do Teatro ao Futebol", Décio de Almeida Prado
(Décio de Almeida Prado nasceu no dia 14 de Agosto de 1917. Morreu em 2000.)
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