sábado, 13 de agosto de 2016

Décio de Almeida Prado

Um cínico diria: 22 homens correndo atrás de um pouco de ar comprimido em alguns centímetros de couro. Mas seria ignorar o principal: a habilidade física necessária para que essa bola sempre tão fugidia e rebelde se submeta finalmente ao império da nossa vontade; o esforço dos músculos e a tensão do espírito sem os quais não se dobra o adversário; a identificação afetiva e passional da torcida. Onze homens solitários representando todo um clube, toda uma cidade, todo um estado, toda uma nação. Decidindo em 90 minutos a felicidade ou a infelicidade de milhões de pessoas. O futebol começa como um esporte, uma exibição das potencialidades atléticas do homem: corrida, salto, golpe de vista, resistência, reflexos. E termina como um poderoso símbolo da vida social. Nunca o Brasil foi mais triste do que em 1950, ao perder o título mundial para o Uruguai. Ou mais alegre do que em 1958, ao ganhá-lo da Suécia.

"Seres, Coisas, Lugares - Do Teatro ao Futebol", Décio de Almeida Prado

(Décio de Almeida Prado nasceu no dia 14 de Agosto de 1917. Morreu em 2000.)

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