Versos do trinco da porta,  
- Louvado seja o Senhor!  
A casa é Deus quem ma guarda,  
Ninguém a guarda melhor!  
   
Batem os pobres à porta,  
- Batem com ar de humildade.  
"Eu sei que é pouco, irmãozinho!  
É pouco, mas de vontade!"  
   
Quem é que a porta abriria,  
Com modos de atrevimento?  
São coisas da criadagem!  
Não foi ninguém, - é o vento!  
   
Mexem no trinco da porta.  
- "Levante, faça favor!"  
A entrada nunca se nega  
Seja a visita quem for!  
   
Não vês a porta batendo?  
Que aragem essa que corta!  
Em toda a volta do dia,  
Não pára o trinco da porta!  
   
Trinco da porta caindo  
Sobre a partida de alguém...  
Oh, quantos vão e não voltam?!  
São os que a morte lá tem! 
"Quando as Nascentes Despertam", António Sardinha
(António Sardinha nasceu no dia 9 de Setembro de 1887. Morreu em 1925.) 
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