quarta-feira, 11 de abril de 2012

O foguetão e o peido-mestre

Foto Hernâni Von Doellinger

A Coreia do Norte prepara-se para comemorar o centenário do nascimento do fundador do país, Kim il-Sung, lançando nos próximos dias um foguetão - dizem as notícias. É um claro desafio à comunidade internacional, mas não tem data marcada. Depende do tempo. Até a Rússia e a China estão contra: os de Moscovo afirmam que Pyongyang "despreza" as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e os de Pequim exigem "calma e moderação". Juntemos-lhes a igualmente pacífica América, e a coisa fica ainda mais hilariante.
As notícias dizem também que a iniciativa norte-coreana está a "gerar tensão elevada em toda a Ásia", com vários países a prepararem-se para a eventualidade de algo correr mal. Três companhias aéreas vão mesmo desviar alguns voos para evitarem o aprazado foguetão, que, se não chover, poderá ser lançado entre esta e a próxima semana. A Philippine Airlines, a Japan Airlines e a All Nippon Airways anunciaram mudanças em 20 rotas, a partir de amanhã e até à próxima segunda-feira. Se o caro leitor vai para a zona, faça o favor de apontar esta importante informação.

Não sei se se lembram: Eurico da Fonseca (1921-2000) foi o principal especialista português em astronáutica. Praticamente autodidacta, nomeado investigador por decreto-lei e oficialmente equiparado a professor catedrático, colaborou com a NASA e conheceu os principais responsáveis pelo Programa Apollo. Notabilizou-se, entre nós, como divulgador de assuntos científicos. Na rádio, acompanhou em directo, na então Emissora Nacional, a chegada do homem à Lua e comentou os voos espaciais norte-americanos e soviéticos. Mas era na RTP que eu gostava de o ouver. Ouver, escrevi bem.
Foi com Eurico da Fonseca na televisão que eu aprendi que se deve dizer foguete e não foguetão. Ele explicava, apenas insinuando, que foguetão é outra coisa, por exemplo coisa gasosa, eventualmente sonora e por norma fedorenta. E portanto percebo o à-rasquismo em que estão metidos todos "em toda a Ásia". Sim, e se algo corre mal? E se o querido foguetão (chama-se Unha-3) não for tão seguro como os foguetões americanos, russos e chineses, que correm sempre bem? E se o foguetão norte-coreano encrava e dá o grandessíssimo peido-mestre mesmo em cima da cabeça, para não ir mais longe, dos vizinhos do sul? Já viram a merda que vai ser?

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