Na minha infância e princípios da juventude lidei muito com padres. E os padres cheiravam. Não como o extraordinário padre Clementino ou o Secónego,
casos particulares, que cheiravam naturalmente a mofo, mas outro
cheiro, doce, aperfumado, que também não era incenso nem ares de
santidade ou sacristia. Cheiravam não sabia bem a quê. Aquilo
intrigava-me, ainda por cima porque eu nem fazia ideia de que havia
perfumes para homens, quanto mais para padres!
Que se segue? Na vasta sabedoria dos meus nove-dez anos resolvi então que aquilo de os padres cheirarem a perfume era para disfarçar o cheiro a tabaco. Os padres não queriam que o povo soubesse do cigarrito às escondidas. Bem visto! Porque naquele tempo fumar era um pecado muito grande, praticamente ao nível da masturbação.
Que se segue? Na vasta sabedoria dos meus nove-dez anos resolvi então que aquilo de os padres cheirarem a perfume era para disfarçar o cheiro a tabaco. Os padres não queriam que o povo soubesse do cigarrito às escondidas. Bem visto! Porque naquele tempo fumar era um pecado muito grande, praticamente ao nível da masturbação.
E nisso fui
acreditando, bem-aventurados os néscios, até que um dia, espigadote e
epifanado, finalmente percebi: aquilo do perfume dos padres era mas é
cheiro a mulher...
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