Fui aí a um sítio que faz o melhor bacalhau assado na brasa de Portugal e,
portanto, do mundo. É servido com batata cozida (é claro), coberto com
cebola e azeitonas, e generosamente regado com um azeite-e-alho tão
extraordinário que só apetece dar banho ao pão. Para cumprir todos os
meus cânones, falta-lhe o ovo cozido, é certo, mas esta é uma falha que
eu relevo com todo o gosto.
Na mesa ao lado, um jovem casal também estava no bacalhau. Acompanhado
por cerveja, uma a dividir pelos dois, logo no berço do alvarinho e do
trajadura. Eu ia perdendo o apetite! Mas o pior ainda estava para vir. E
veio: uma travessa de batatas fritas, porque as cozidas não lhes
serviam - ficaram todas - ou então nunca tal tinham visto.
Ainda pensei desculpá-los. "Está bem, são espanhóis (não consegui sequer
considerá-los galegos, era doloroso demais para mim), estes tipos não
percebem nada disto". Mas não desculpei. E é preciso que se note que eu
sou pela livre escolha. Para mim, cada um come do que gosta. Mas há
comportamentos que, por escandalosos, devem ser guardados para o recato
do lar. Eu próprio já comi bacalhau assado com feijoada à transmontana,
mas foi em casa de amigos. Nunca por nunca o faria em público. Haja
decoro! Para além do mais, gastronomicamente falando, a feijoada com o
bacalhau na brasa é uma extravagância, enquanto que a batata frita, posto que excelentíssima, não
passa de uma indigência.
Apetecia-me bater-lhes, Deus me perdoe...
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