Olho pela janela e chove.
Chove que Deus a dá
Chove que Deus a dá
porém não chove
por aí além
porque a crise já se sabe
chega a todos
inclusive ao Sempiterno
ao Senhor das Águas.
Durante quase toda a noite
fez um sol de categoria
sei porque sonhei
mas agora não
não faz sol nem sonho.
Olho pela janela e vejo
telhados vermelhos e cinzentos
cinzentos suspeito que de lusalite
e quase me dá uma himoptise
tusso e desisto.
Eu tusso muito bem
e desisto ainda melhor.
Vejo cinco telhados cinco
o resto são paredes paredes
de prédios de doze andares doze
cheios de janelas e marquises marquises.
Paredes prédios a precisarem pelo menos de pintura
pintura.
Nos telhados nem um gato
nem uma gaivota
Vejo cinco telhados cinco
o resto são paredes paredes
de prédios de doze andares doze
cheios de janelas e marquises marquises.
Paredes prédios a precisarem pelo menos de pintura
pintura.
Nos telhados nem um gato
nem uma gaivota
um melro sequer.
Estão cá sempre todos
Estão cá sempre todos
menos o melro que eu nunca vi
e hoje
agora
não sei o que lhes deu.
agora
não sei o que lhes deu.
Ter-lhes-á sucedido
confinamento?
Estou sem gatos,
sem pássaros,
sem sol.
Estou sem gatos,
sem pássaros,
sem sol.
Chove apenas. Moderadamente.
Digamos
períodos de chuva ou aguaceiros
em geral fracos
a partir do meio
da manhã
e já vamos a estas horas.
Assim não há condições
para fazer poesia,
condições
para que a poesia aconteça.
Acho
Assim não há condições
para fazer poesia,
condições
para que a poesia aconteça.
Acho
que vou escrever
um romance histórico
com 987 páginas.
Entrego-o amanhã
se não chover.
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