Tapuia
As florestas ergueram braços peludos para esconder-te com ciúmes do sol
A tua carne triste se desabotoa nos seios
recém-chegados do fundo das selvas.
As florestas ergueram braços peludos para esconder-te com ciúmes do sol
A tua carne triste se desabotoa nos seios
recém-chegados do fundo das selvas.
Pararam no teu olhar as noites do Amazonas
mornas e imensas
E no teu corpo longo
ficou dormindo a sombra das cinco estrelas do Cruzeiro.
mornas e imensas
E no teu corpo longo
ficou dormindo a sombra das cinco estrelas do Cruzeiro.
O mato acorda no teu sangue
sonhos de tribos desaparecidas
- filha de raças anônimas
que se misturam em grandes adultérios!
sonhos de tribos desaparecidas
- filha de raças anônimas
que se misturam em grandes adultérios!
E erras sem rumo assim pelas beiras do rio
que os teus antepassados te deixaram de herança.
que os teus antepassados te deixaram de herança.
O vento desarruma os teus cabelos soltos
e modela o vestido na intimidade do teu corpo exato.
e modela o vestido na intimidade do teu corpo exato.
À noite o rio te chama.
Chamam-te vozes do fundo do mato.
Então te entregas à água
demoradamente
como uma flor selvagem
ante a curiosidade das estrelas.
demoradamente
como uma flor selvagem
ante a curiosidade das estrelas.
Raul Bopp
(Raul Bopp nasceu no dia 4 de Agosto de 1898. Morreu em 1984.)
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