O cardeal inspector
No dia 20 de Agosto de 1912, portanto há cento e oito anos praticamente
redondos, rezam as efemérides oficiais que o Papa nomeou "inspectore" o
cardeal patriarca de Lisboa. Pelas minhas contas, e cuidado que eu não
sou de fiar, o papa era Pio X e o cardeal patriarca era D. António I,
aliás António Mendes Bello assim com dois éles. Leio no sítio da
Fundação Mário Soares que, com esta medida, o Vaticano quis demonstrar
que o Governo português cumpria com as obrigações da Concordata, não
obstante a sua política anticlerical. Isto até pode estar tudo muito
bem, e eu não acredito que esteja, mas incomoda-me como furúnculo
nadegueiro que o nosso cardeal patriarca tenha sido promovido a
inspector. A sério (à séria, se lido em Lisboa), inspector?! O cão Max,
vá que não vá... o cardeal é que não! Como católico inteiro, posto que
não
consumidor, este é um velho desgosto que trago há que anos ferrado aqui dentro, in pectore.
Oh, my dicky ticker!
Eu tinha um cardiologista e visitava-o de quatro em quatro meses.
Falávamos de jornais, de jornalistas, de política, de restaurantes
secretos e fora de mão e sobretudo do FC Porto. E media a tensão, o que é
extraordinário! Deixei. Deixei também o urologista e fiquei-me apenas
com o dentista de meio em meio ano. É a crise, é a vida. Um destes dias
morro e vão dizer que foi por por causa de eu ter deixado de falar de
jornais, de jornalistas, de política, de restaurantes secretos e fora de
mão e sobretudo do FC Porto com o meu ex-cardiologista.
Combustível, vamos definir...
As pessoas metem gasolina de manhã, a caminho do emprego, e depois andam
todo o dia com o combustível no depósito do carro. Eu acho um perigo!
Elvis não morreu, eu é que praticamente
"Cristo morreu, Marx também, e eu já não me sinto nada bem", dizia mais
ou menos assim a famosa frase humorístico-panfletária das décadas de
sessenta e setenta do século passado. Cristo morreu mas ressuscitou,
Marx só não ressuscitou porque era materialista ateu e imprevidente, mas
anda por aí como o nosso Santana Lopes, e eu, nesta historieta, não
interesso para nada. Porém. Cultivo aqui no Tarrenego! uma comprovada
teoria que se chama "Elvis não morreu e o 24horas também não".
Assim. Elvis Presley morreu no dia 16 de Agosto de 1977. Ou, melhor
dizendo, foi exactamente nesse dia que ele não morreu. Anda por aí, como
Cristo, como Marx e como Santana Lopes. O jornal 24horas morreu
oficialmente no dia 30 de Junho de 2010. Ou, melhor dizendo, foi
exactamente nesse dia que ele não morreu. Também anda por aí: chama-se
agora Correio da Manhã, Jornal de Notícias, Sábado, Observador, Diário
de Notícias, Sol, Record, A Bola, O Jogo e assim sucessivamente...
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