quinta-feira, 7 de maio de 2020

Elvis não morreu e o 24horas também não

Foto Hernâni Von Doellinger

Os Oliveiras e seus lambe-botas corcundas rebentaram com o jornal 24horas. Que seria uma merda, mas uma merda muito bem feita e que lhes saía ao preço da uva mijona, de tão bons e poucos que éramos. Há treze anos, quando lá suava as estopinhas e os jornalistas de referência, gravata e fato às riscas faziam pouco de nós, eu dizia-lhes que se rissem baixinho, porque um dia todos os jornais portugueses seriam como o 24horas. E são. Todos. Embora feitos evidentemente por jornalistas de referência, gravata e fato às riscas que trabalham pouco e agora já não têm vergonha nenhuma, nem do prejuízo que dão. O bom jornal 24horas de Alexandre Pais, que uma certa e determinada rapaziada depois descarregou sanita abaixo, está hoje em dia muito bem representado na imprensa nacional. "Je suis 24horas", dizem eles todos os dias, sem saberem que dizem, porque eles também não sabem o que fazem. Mas o 24horas, o genuíno, faz falta, e então nesta época tão asinina seria um mimo. Não fazem ideia do que eu me rio ao ler os momentosos assuntos que saem agora nos jornais e a pensar no que nós teríamos feito com eles. Seria um sucesso, diariamente a malhar e o público e pedir bis, coisa para anos. A desgraça que nos caiu em cima foi ter-se-nos acabado o folhetim da "pequena Maddy", que era o nosso abono de família. A extraordinária CMTV anda agora a desenterrá-la e deve estar a facturar em grande.

P.S. - Publicado originalmente no dia 11 de Junho de 2016, e cada vez mais actual. O jornal 24horas nasceu em 1998 e morreu em 2010, um ano depois de os seus alegados responsáveis terem liquidado a Redacção do Porto, a sangue frio e pelas costas. Eram os primeiros dias de Maio quando nos despejaram no desemprego, e podem limpar as mãos à parede. Mas tinha piada o pasquim, que até chegou a ser bem feito, e é a bíblia do jornalismo que hoje se faz em Portugal.

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