terça-feira, 5 de maio de 2020

As nudezes de Marisa Cruz

Foto Hernâni Von Doellinger

Uma vez Marisa Cruz entrou num filme e apareceu nua. Foi em 2004. O filme, de António Cunha Teles, chamava-se "Kiss Me" e entravam lá também o Nicolau Breyner, o Rui Unas, o Marcantónio Del Carlo e até a Clara Pinto Correia, entre outros.
Marisa Cruz estava então com o jogador de futebol João Pinto, com quem assinaria casamento em 2009 e do qual rescindiria em 2013. Tiveram tempo para dois filhos. João Pinto é hoje director da Federação Portuguesa de Futebol, mas em 2004, época da estreia do filme, jogava no Boavista.
Eu não entrei no filme, casei com a minha mulher no século passado e cá estamos, nunca joguei no Boavista nem sou assalariado da FPF. Em 2004 trabalhava no 24horas, Redacção do Porto, e as inteligências lisboetas do meu jornal mandaram-me telefonar ao Jaime Pacheco, que era o treinador dos boavisteiros, a perguntar-lhe se tinha visto o filme, o que é que achara do corpo da Marisa e se tinha comentado o assunto com o João Pinto. As inteligências lisboetas do meu jornal mandaram-me também telefonar aos colegas do João (lembro-me do Frechaut, do Diogo Valente e do Martelinho, por exemplo), a perguntar-lhes se tinham visto o filme, o que é que acharam do corpo da Marisa e se tinham comentado o assunto no balneário. As inteligências lisboetas do meu jornal mandaram-me ainda para a porta do cinema, no NorteShopping, se não estou em erro, a perguntar aos espectadores se gostaram de ver a Marisa nua, se ela era mesmo boa como o milho, como parecia vestida, e se coisa e tal...
Às inteligências lisboetas do meu jornal, eu mandei-as à merda. E ao filme também. Nunca o vi.
Vejo hoje num jornal desportivo - é o que me parece, desportivo - que Marisa Cruz continua a querer mostrar. Está no seu direito. Eu se lhe soubesse desta mania, às tantas, em 2004, em vez de guardar respeito, talvez devesse ter-me dado ao trabalho...

As inteligências lisboetas do meu falecido jornal estão hoje muito bem colocadas nos melhores jornais de referência da nossa praça. Lisboetas, os jornais, bem entendido.

P.S. - Publicado originalmente no dia 23 de Maio de 2019. O jornal 24horas nasceu em 1998 e morreu em 2010, um ano depois de os seus alegados responsáveis terem liquidado a Redacção do Porto, a sangue frio e pelas costas. Eram os primeiros dias de Maio quando nos despejaram no desemprego, e podem limpar as mãos à parede. Mas tinha piada o pasquim, que até chegou a ser bem feito, e é a bíblia do jornalismo que hoje se faz em Portugal.

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