O alemão Joseph Ratzinger, 91 anos, papa na reforma, conhecido
em alguns círculos como Bento XVI, acaba de assinar um interessante
texto de dezoito páginas defendendo que os abusos sexuais na Igreja
Católica se devem à revolução sexual dos anos de 1960 e sobretudo ao
parisiense Maio de 68. O velho Ratzinger, que, aqui atrasado, já me
tinha tentado tirar a vaca e o burro do presépio,
arranjou agora uma bela desculpa para os papas, cardeais, bispos,
cónegos, padres e freiras, fodilhões e fodilhonas, tarados e taradas,
que não pouparam aos seus desbragados tesões nem mães, nem pais, nem tias nem tios, nem filhos nem sobrinhos, nem pajens nem sopeiras, nem mestres nem discípulos, e assim
sucessivamente, per saecula saeculorum, no antes, durante e após-Idade Média. Eles e elas
sabiam, coisas do espírito santo, que no futuro alguém haveria de
descobrir uma data que lhes perdoasse toda a merda que fizeram no
passado. Foi Ratzinger o descobridor. E os abusadores, coitados, vão agora todos para o
céu. Porque a culpa, diga-se em abono da verdade, é do Daniel
Cohn-Bendit e outros que tais.
Portanto. A pedido do emérito, segue-se um apanhado de textos do
Tarrenego! publicado no dia 23 de Fevereiro de 2019, sob o título "A
Igreja que abusa e varre para debaixo do tapete":
O cardeal e os foguetes
O cardeal-patriarca de Lisboa garantiu ontem, em entrevista à rádio TSF e
ao jornal Diário de Notícias, que não conhece casos de pedofilia
na Igreja portuguesa. Mas, à cautela, acrescentou que "não podemos
estar a deitar foguetes antes da festa, porque um caso pode sempre
aparecer". Faz muito bem o senhor D. José Policarpo. Foguetes, não!
Ainda lhe rebentam nas mãos.
(Publicado no dia 19 de Dezembro de 2011)
Os nossos bispos, a pedofilia e a hipocrisia deles
José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, garantia
em Dezembro do ano passado, meia dúzia de dias antes do Natal, que não
conhecia casos de pedofilia
na Igreja portuguesa. Mas também dizia que o melhor era não "deitar
foguetes antes da festa, porque um caso pode sempre aparecer". Pois pode
e é preciso ter cuidado. Não faltam por aí manetas, por eles, os
foguetes, lhes terem rebentado nas mãos - avisei eu.
Ontem, José Policarpo anunciou
que os bispos portugueses querem que as vítimas de abusos sexuais por
parte de membros do clero participem os casos "às autoridades civis
competentes".
Não sei se o cardeal arrepiou caminho apenas para salvar as mãozinhas ou
se teve um rebate de consciência. Mas este desafio dos bispos, tal como
foi lançado cá para fora, enrodilhado em alegadas questões legais (e
não morais, valha-nos Deus), é uma indecência e de uma hipocrisia e
crueldade para com as vítimas que envergonham o Jesus Cristo que as
excelências reverendíssimas deviam pregar e viver.
Quem é esta gente que fala em nome da minha Igreja e já não sabe o que é
o amor ao próximo e a caridade cristã? O que é que acontece a esta
gente quando se veste de vermelho, para tão escandalosamente desdenhar
dos mais fracos e indefesos, dos estropiados?
E, no entanto, José Policarpo e os seus bispos (não sei quem os
empurrou) deram um passo em direcção à verdade: há pedófilos e vítimas
de pedofilia na Igreja portuguesa. A Hierarquia anda muito devagar e por
isso eu só lhe peço que tente, para já, mais um passo. Um pequeno passo
até ao enorme tapete para baixo do qual tem varrido, pelo menos ao
longo dos últimos quarenta anos, os diversos casos de abusos sexuais
sobre menores que conhece e a que fecha os olhos. E que tenha a
dignidade mínima de expor, expurgar e fazer castigar os violadores e não
as vítimas.
(Publicado no dia 20 de Abril de 2012)
Os bispos e a pedofilia: mais um pequeno passo
Eurico Dias Nogueira, antigo arcebispo de Braga, é da minha opinião:
a Igreja Católica portuguesa "esteve demasiado calada" sobre os casos
de pedofilia que aconteceram no seu seio. Em entrevista à rádio Antena 1,
o prelado confirma ter informações de casos de abusos sexuais de
menores dentro da instituição, que critica por ter tentado "abafar" as
situações, sem "resolver" o problema. "Fazia-se isso secretamente", diz.
E querem saber como é que a Hierarquia "abafava" os casos? Por exemplo,
mudando os padres pedófilos de paróquia em paróquia e de escola em
escola, assim multiplicando o número de vítimas.
(Publicado no dia 21 de Abril de 2012)
Os bispos e a pedofilia: mais um pequeno passo 2
Manuel
Morujão, padre porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, continua a
falar demais e a falar de menos. Agora a propósito da pedofilia no
interior da Igreja. É. Não têm emenda os nossos bispos: dão um passinho
em frente e logo dois passos atrás. Não têm emenda e não têm perdão.
(Publicado no dia 11 de Dezembro de 2012)
E as provas? E os nomes?
A
Conferência Episcopal Portuguesa garante ter dado "passos muito
concretos na luta contra a pedofilia". Deu? Pois então que apresente
provas,
que diga nomes, como exige àqueles que denunciam os abusos praticados
no interior da Igreja. Porque "não se deve dizer mais do que a verdade".
(Publicado no dia 4 de Janeiro de 2013)
O homem que sabia uma coisa terminada em "ia"
José
Policarpo sabia de uma coisa terminada em "ia". Pedofilia?,
perguntaram-lhe logo. Não, de pedofilia não sei nada,
respondeu. Compaixão?, insistiram. Vão-se lixar, isso não interessa
para nada e nem sequer termina em "ia", protestou o príncipe da Igreja
na reforma. Economia, sei é de economia, acabou por se abrir o emérito,
parece que um tudo nada afrontado com a maneira leviana como sindicatos e
oposição estão a governar Portugal. Ou então seriam gases.
(Publicado no dia 27 de Outubro de 2013)
Igreja reúne-se de emergência
"A Igreja vai reunir-se de emergência na segunda-feira, em Fátima", avisa o JN.
Não sei se é verdade, mas, a ser, é preciso tomar nota: em Fátima
evidentemente, e de emergência. E por que razão reúne a Igreja
portuguesa, de emergência, em Fátima? Por causa da pedofilia interna?
Não. Por causa da fome externa? Não. Por causa da pobreza geral? Não.
Por causa do desemprego dos outros? Não. Por causa da crise de vocações
sacerdotais? Não. Por causa da falta de povo e de fé nas igrejas e nas
procissões? Não. Por causa do burquíni? Não. Por causa dos incêndios de
Verão? Não. Por causa do terramoto em Itália? Não. Por causa dos
atentados na Turquia? Não. Por causa da guerra na Síria? Não, não e não.
"A Igreja vai reunir-se de emergência na segunda-feira, em Fátima, para
decidir a resposta a enviar ao Estado, que recentemente notificou a
maioria das 4376 paróquias a nível nacional para pagarem imposto
municipal sobre imóveis dos seus edifícios e terrenos."
(Publicado no dia 26 de Agosto de 2016)
Os gays, ou quando a Igreja não sabe ser mãe
Diz que vai por aí uma certa e determinada confusão a propósito de umas
tais declarações da "psicóloga católica" Maria José Vilaça. A Psicologia
Católica é uma especialidade clínica (suponho) que eu ignorava, mas não
sou dos que negam à partida uma ciência que desconheço. Portanto...
Maria José Vilaça diz que disse
à revista Família Cristã que ter um filho homossexual é como ter um
filho toxicodependente. "Eu aceito o meu filho, amo-o se calhar até
mais, porque sei que ele vive de uma forma que eu sei que não é natural e
que o faz sofrer", diz que disse a senhora doutora. Quer-se dizer, ter
um filho homossexual ou toxicodepente é o mesmo que ter um filho trolha
que a mãezinha sempre soube que nasceu para ser presidente da república.
Isto é, ter um filho homossexual, toxidependente ou trolha é
praticamente como ter um filho propriamente dito...
Também não sabia dos homossexuais católicos,
que certamente serão completamente diferentes dos homossexuais
protestantes, dos homossexuais ortodoxos, dos homossexuais judeus, dos
homossexuais budistas, dos homossexuais islâmicos, dos homossexuais
agnósticos, dos homossexuais ateus, dos homossexuais bissextos e dos
homossexuais apenas. Mas, palavra de honra, não quero saber o que é que
objectivamente os diferencia...
Mas sei que, por exemplo, a Igreja Católica Apostólica Romana, que impõe
o celibato aos seus funcionários de topo (de padres ao Papa) e lhes
exige a castidade, desculpa-lhes o pinanço com mulheres, ainda que
casadas, e varre para debaixo do tapete o abuso sobre rapazinhos,
posto que inocentes. Os clérigos homossexuais que exigem os seus
direitos também me fazem rir, porque não sei qual foi a parte que eles
não perceberam quando, no acto da ordenação, perante família e
testemunhas, se deitaram no chão aos pés do bispo e aceitaram e juraram
desatarraxar a pila para todo o sempre, amém.
A ver se me explico: os padres católicos, enquanto a "Lei" for
lamentavelmente assim, não podem reclamar direito a sexualidade de marca
nenhuma - nem homo, nem hetero, nem bi, nem pan, nem tudo ao monte e fé
em Deus, nem sequer à punheta, escusam de vir com paninhos quentes. Não
há sexo para ninguém! Os padres não podem ser sexuais.
O lamentável, o triste, o nojo é que a Igreja instrumental, especialista
circense em malabarismos hipócritas, cirrosada em pecado e vício até
aos entrefolhos, continue a oprobrizar os seus filhos homossexuais que
afinal nunca juraram a Deus castidade e que só querem ser felizes com
quem escolheram e acreditando e vivendo em Jesus, tenham ou não cartão
de católico em dia. Uma Igreja assim não é boa mãe...
(Publicado no dia 14 de Novembro de 2016)
Bispo pede campanha contra pedofilia na Igreja
O título deste texto é mentira, e o que se segue também. O bispo de Viana do Castelo, Anacleto Oliveira,
apelou hoje ao Presidente da República para "liderar a mobilização de
toda a nação" numa "causa nacional" contra a pedofilia na Igreja, por
considerar que o que tem sido feito "não chega".
"Nada há de mais poderoso e eficaz [do] que um povo inteiro unido pela
mesma causa, no comum modo de viver e pensar, numa mesma cultura", fez
notar o prelado, defendendo que "chegou a hora" de o País "gritar bem
alto: basta de pedofilia nos colégios católicos, nos seminários e nas
sacristias".
A última parte desta última parte também é inventada. A versão
verdadeira, que tem a ver com incêndios e é um bocado de rir, está no
jornal Público, que copiou da agência Lusa.
Repiro: o título deste texto é mentira. E é pena.
(Publicado no dia 20 de Agosto de 2017)
Cardeal-patriarca fala do que não sabe
Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, não sabe nada de casamento
- o que até se compreende, porque é solteiro. Também não sabe nada de
sexo - o que se pode aceitar, porque certamente nunca praticou. Ainda
assim, ignorante em toda a linha, debita palpite sobre os dois assuntos,
defendendo que os católicos recasados "em situação irregular" devem ser
aconselhados a viverem sem relações sexuais.
Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, sabe muito bem da
pedofilia na Igreja portuguesa. Falando do que sabe e do que realmente
lhe diz respeito, gostaria de o ouvir propor que os padres devem ser
aconselhados a deixarem as pilinhas dos meninos em paz.
(Publicado no dia 8 de Fevereiro de 2018)
Uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma
Hoje, dia 23 de Fevereiro de 2019. O cardeal-patriarca de Lisboa,
Manuel Clemente, admitiu ontem, em Roma, "reforçar" o que é feito pela
Igreja Católica em Portugal para prevenir os abusos sexuais e apoiar as
vítimas. Isto é: nada.
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