quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Microcontos & outras miudezas 126

Era um homem muito antigo
Era inegavelmente um homem muito antigo. Do tempo em que os jornais escreviam notícias. E ele percebia. Depois os jornais começaram a publicar vídeos. E ele deixou de perceber.

Sejamos pacientes, pois
Como um alho era o famoso indivíduo, não sei quem nem de que sexo, mas político certamente, que inventou a palavra paciente para substituir a palavra doente. O finório, ou a finória, sabia tudo sobre listas e tempos de espera, greves epidémicas ou cirúrgicas, operações adiadas, consultas anuladas, funerais e missas de sétimo dia, demissões de directores e Assunção Cristas. Porque a verdade é esta: o doente, regra geral, queixa-se, esperneia, mas o paciente, por definição, aguenta.

Os senhores deputados (entre isso e aquilo)
- Eu não admito que o senhor deputado diga que eu disse isso, senhor deputado!
- Então o que é que o senhor deputado disse, senhor deputado?
- Eu disse aquilo, senhor deputado.
- Aquilo, senhor deputado? E só agora é que diz isso, senhor deputado?
- Eu não admito que o senhor deputado diga que eu disse isso, senhor deputado!

A última a morrer
Era uma família convencional. Morreram, naturalmente por esta ordem, o Acúrsio, a Adelaide, o Tibério, a Catarina, a Rosa, o Celestino e finalmente a Esperança. É daí que vem.

O tamanho
Tinha umas mãozinhas muito pequeninas e no entanto calçava 47 biqueira larga. Os especialistas não sabiam o que dizer quanto ao resto.

Vinho de outra pipa
"Acabou-se o que era bom", disse o tasqueiro, com inusitada franqueza. E o tasco ficou às moscas.

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